domingo, 12 de junho de 2011

Comparação do potencial de abuso entre álcool e maconha


A dependência é caracterizada pelo uso com­pulsivo de uma determinada substância, que leva a uma inabilidade em limitar o consumo e ao surgimento de uma síndrome de abs­tinência durante a interrupção. O reforço ou recompensa ocorre quando neurônios liberam dopamina para o nucleus accumbens após o consumo da droga. A tolerância consiste na diminuição de sensibilidade ao efeito da droga de tal modo que, com o passar do tempo, doses maiores são necessárias para a obtenção do mesmo efeito.
Introdução sobre álcool
O álcool é uma das substâncias mais consumidas no mundo, porém, mesmo sendo uma substância lícita, possui o potencial de causar dependência, sendo um depressor do sistema nervoso central. É considerada uma droga dose-dependente por apresentar diferentes ações em diferentes dosagens, tendo que ser considerado que a quantidade que um indivíduo consome de álcool é dependente da sua disponibilidade, ao ambiente sociocultural, seu preço, modo de uso e fator genético.
No Brasil, os índices demonstram que uma em cada dez pessoas tem problemas conseqüentes ao uso indevido de álcool. Estima-se que cerca de 10% das mulheres e 20% dos homens façam uso abusivo do ál­cool e 5% das mulheres e 10% dos homens apresentem a síndrome de dependência do álcool. Em um estudo realizado no estado de São Paulo para avaliar o perfil do uso de drogas de abuso, o álcool foi uma das drogas com maior prevalênciasde uso, com per­centual de 53,2%. Quanto às estimativas de dependência de álcool, as percentagens estiveram em torno de 6%, valores próximos aos obser­vados em estudos em outros países.
Em quantidades moderadas de álcool, é uma substância estimulante, sendo capaz de causar euforia e desinibição, no entanto, é uma substância que causa também um efeito depressor, tendendo a aumentar as neurotransmissões inibitórias diminuindo as neurotransmissões excitatórias ou uma combinação das duas ações, pois atua bloqueando consideravelmente o funcionamento normal do sistema nervoso.
           
Mecanismo de ação e dependência do álcool
O etanol atua em sítios hidrofóbicos de proteínas e modificam sua es­trutura tridimensional. Estas proteínas incluem canais iônicos, receptores de neurotransmissores e enzimas envolvidas na transdução de sinais. Os neurotrans­missores e receptores sensíveis aos seus efeitos incluem dopamina, serotonina, GABA, ácido glutâmico, ade­nosina, neuropeptídeo Y, noradrenalina (NA), recep­tores de canabinóides e peptídeos opióides. Impor­tantes alvos neuroquímicos para os efeitos agudos do etanol são o GABA, no qual o etanol atua facilitando a inibição gabaérgica, e o sistema glutamatérgico, no qual o etanol atua na inibição da excitação mediada pelo glutamato. Mudanças adaptativas na transmis­são mediada por estes dois neurotransmissores seriam responsáveis pelo desenvolvimento da dependência ao álcool. Em resposta à exposição crônica ao álcool, exis­te uma hiperexpressão compensatória de receptores do sistema glutamatérgico e uma hipoexpressão de recep­tores do sistema gabaérgico, resultando no estabeleci­mento da tolerância ao álcool.
O álcool em altas doses aumenta a liberação de dopamina no NAc. Entretanto, este processo pode requerer a atividade de outra categoria de neuromo­duladores e peptídios opióides endógenos. Esta hipó­tese é baseada por observações que compostos, que inibem as ações dos peptídios opióides endógenos, previnem os efeitos do álcool na liberação de dopami­na. Antagonistas de peptídios opióides agem prima­riamente em uma área cerebral onde os neurônios do­paminérgicos se estendem até a origem no NAc. Estas observações indicam que o álcool estimula a atividade dos peptídios opióides endógenos, levando indireta­mente à ativação dos neurônios dopaminérgicos. An­tagonistas dos peptídios opióides poderiam interferir com este processo, portanto reduzindo a liberação de dopamina.
Um mecanismo que pode ser responsável para o significado anormal, associado com os incentivos re­lacionados ao álcool, é a natureza não adaptativa da estimulação induzida pelo álcool da transmissão dopa­minérgica no NAc. A liberação aumentada de dopami­na no NAc induzida por reforçadores comuns (por exemplo: comida) rapidamente induz habituação, e a apresenta­ção repetida do estímulo não mais induz a liberação de dopamina. Em contraste, nenhuma habituação ocorre após o consumo repetido do álcool. Como resultado da persistente liberação de dopamina no NAc em res­posta ao álcool, o estímulo associado ao álcool adqui­re um significado emocional e motivacional anormais que resultam no controle excessivo sobre o comporta­mento do alcoólatra. Esse controle excessivo constitui a essência da dependência.
A exposição ao álcool influencia a atividade neuronal serotoninérgica no núcleo dorsal da rafe. Os níveis dos metabólitos de serotonina na urina e no sangue aumentam após consumo agudo, indicando uma liberação aumentada de serotonina no sistema nervoso. Esse aumento pode refletir transmissão in­tensificada nas sinapses serotonérgicas.
Os receptores 5-HT2 parecem sofrer mudanças adaptativas após consumo crônico de álcool, como au­mento do número e da atividade dos receptores 5-HT2. A atividade aumentada do receptor 5-HT2, causada pela exposição crônica ao álcool, pode também contri­buir para a síndrome de abstinência ao álcool.
A administração aguda de etanol produz um efeito bifásico na liberação de NA no córtex frontal. Baixas doses (0,2 g/kg) aumentam a liberação, enquan­to doses altas (2g/kg) diminuem a liberação de NA. Os autores sugeriram que a diminuição na liberação de NA cortical pode refletir as propriedades sedativas-hipnóticas do etanol em altas doses, enquanto a libe­ração aumentada de NA pode representar uma corre­lação bioquímica da reatividade e alerta aumentados decorrentes das baixas doses de etanol.
Maconha
A Cannabis sativa é um arbusto da família das Moraceae, conhecido pelo nome de “cânhamo” da Índia, que cresce livremente nas regiões tropicais e temperadas. Os seus efeitos medicinais e euforizantes são conhecidos há mais de 4 mil anos. No início do século passado, passou a ser considerado um “problema social”, sendo banida legalmente na década de 30. O seu uso médico declinou lentamente, pois pesquisadores não conseguiram isolar os seus princípios ativos em função da rápida deterioração da planta. Alguns países começaram a relacionar o abuso da maconha à degeneração psíquica, ao crime e à marginalização do indivíduo. Nas décadas de 60 e 70, o seu consumo voltou a crescer significativamente, chegando ao ápice no biênio 1978/1979.
A maconha é a droga ilícita mais usada mundialmente. Nos EUA, 40% da população adulta já experimentaram maconha uma vez pelo menos. O uso da maconha geralmente é intermitente e limitado: os jovens param por volta dos seus 20 anos e poucos entram num consumo diário por anos seguidos. A dependência de maconha está entre as dependências de drogas ilícitas mais comuns; 1 em 10 daqueles que usaram maconha na vida se tornam dependentes em algum momento do seu período de 4 a 5 anos de consumo pesado. Este risco é mais comparável ao de dependência de álcool (15%) do que de outras drogas (tabaco é de 32% e opióides é de 23%).
No Brasil, um levantamento realizado em 1997 com estudantes do ensino fundamental e do ensino médio em 10 capitais brasileiras, mostra que a maconha é a droga ilícita mais utilizada. Comparando levantamentos anteriores (1987,1989, 1993 e 1997), a maconha foi à droga que mais teve seu ‘uso na vida’ aumentado, passando de 2,8% em 87 para 7,6% em 1997. Também o uso frequente e o pesado aumentaram estatisticamente ao longo dos quatro levantamentos. O uso frequente (seis vezes ou mais no mês) passou de 0,4% em 1987 para 1,7% em 1997.
A Cannabis sativa contém aproximadamente 400 substâncias químicas, entre as quais destacam- se pelo menos 60 alcaloides conhecidos como canabinóides. Eles são os responsáveis pelos seus efeitos psíquicos. As taxas de absorção orais são mais elevadas (90% a 95%) e lentas (30 a 45 minutos) em relação à absorção pulmonar (50%). Os efeitos farmacológicos pela absorção pulmonar podem demorar entre 5 a 10 minutos para iniciarem.
Devido à sua lipossolubilidade, os canabinóides acumulam-se principalmente nos órgãos onde os níveis de gordura são mais elevados (cérebro, testículos e tecido adiposo). Alguns pacientes podem exibir os sintomas e sinais de intoxicação por até 12 a 24 h, devido à liberação lenta dos canabinóides a partir do tecido adiposo.
O THC (tetrahidrocanabinol) é uma substância química sintetizada pela própria planta (maconha), sendo este o principal responsável pelos efeitos ocasionados pela droga.
A concentração de THC na maconha pode variar de acordo com o solo, clima, estação do ano, época de colheita, tempo decorrido entre a colheita e uso, assim, sua potência pode variar muito, produzindo mais ou menos efeitos. A variação destes também se dá de acordo com o usuário, considerando que a reação à droga depende da sensibilidade do organismo de determinado indivíduo.
Os sinais e sintomas decorrentes do uso da maconha podem ter efeitos euforizantes, físicos e psíquicos. Os efeitos euforizantes são: aumento do desejo sexual, sensação de lentificação do tempo, aumento da autoconfiança e grandiosidade, risos imotivados, hilaridade, aumento da sociabilidade, sensação de relaxamento, aumento da percepção das cores, sons; texturas e paladar e aumento da capacidade de introspecção. Os efeitos físicos são: taquicardia, hiperemia conjuntival, boca seca, hipotermia, tontura, retardo psicomotor, redução da capacidade para execução de atividades motoras complexas, incoordenação motora, redução da acuidade auditiva, aumento da acuidade visual, broncodilatação, aumento do apetite, tosse, midríase. Os efeitos psíquicos são: despersonalização, desrealização, depressão, alucinações e ilusões, sonolência, ansiedade, irritabilidade, prejuízos à concentração, prejuízo da memória de curto prazo, letargia, excitação psicomotora, ataques de pânico, auto referência e paranoia e prejuízo do julgamento.
Durante a intoxicação aguda da maconha pode observar-se Déficits motores e cognitivos, tais como: redução da capacidade para solucionar problemas e classificar corretamente as informações (por ex., sintetizar da parte para o todo); habilidades psicoespaciais (por ex., problemas para diferenciar tempo e espaço); piora da compreensão diante de estímulos, sensoriais apresentados; redução da capacidade para realizar, atividades complexas (por ex., dirigir automóveis); prejuízo da representação mental do ambiente; redução das atividades da vida diária; redução da capacidade de transferir material da memória imediata para a memória de longo prazo; piora das tarefas de memória de códigos; redução da formação de conceitos; piora da estimativa de tempo; piora da capacidade de concentração.
De acordo com a classificação da OMS, é de leve a moderado o potencial para a maconha induzir dependência. É bem menor do que o álcool e heroína. A maioria dos consumidores dominam o impulso de usar a droga quando não têm a sua posse, sendo rara a busca desesperada a qualquer custo.
A interrupção do uso prolongado de maconha pode causar: mal estar, irritabilidade, depressão, insônia, perda do apetite, ansiedade, cansaço exagerado, dores abdominais, náuseas, palpitações, queda de pressão, dores musculares e tremores no corpo. Esses sintomas acentuam-se na primeira semana e persistem por um mês ou mais. A tolerância à maconha se desenvolve quando os indivíduos são expostos a altas doses, uso frequente e durante período prolongado de tempo.
Atualmente o uso de maconha é considerado um problema de saúde pública que acomete tanto adolescentes quanto adultos jovens. Os resultados mostram uma alta taxa de persistência do uso desde a adolescência até a terceira década de vida. A repetição do uso de maconha durante a adolescência é um forte fator de risco para seu uso crônico, mostrando a importância do desenvolvimento de medidas preventivas e programas de intervenção entre os jovens.

Conclusão
Ao observar os estudos obtidos, foi possível determinar que a droga com o maior potencial de abuso é o álcool, uma vez que os estudos realizados da maconha em comparação com o álcool confirmam que a maconha apresenta uma menor toxicidade. Além disso, o álcool é muito mais consumido, e sendo dose-dependente, acaba tendo a possibilidade de causar dependência mais facilmente devido a diversos fatores como disponibilidade, ambiente sociocultural, o modo como é utilizado e o fator genético.
Fora isso, o álcool, como possui alto poder de gerar dependência, agrava as crises de abstinência que podem chegar até a morte, enquanto que as crises de abstinência da maconha é mais leve se comparada ao do álcool.

Referências
Texto realizado por: Humberto Tohi e Luiz Gustavo de Assis

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Documentário sobre a maconha!

Eai galera,
Hoje a noite no history channel vai passar um documentário sobre a trajetória da maconha até os dias de hoje. A maconha anualmente rende 36 bilhões de dólares só nos EUA, é muuuita coisa fala ai?!
Depois do documentário faremos uma discussão aqui, então fiquem ligados..

Hoje 22:00
e pra quem não conseguir dia 08 no mesmo horário..